Um dos ritmos brasileiros mais democráticos, diverte casais de todas as idades e classes sociais, seja dançando mais juntinho, ou adicionando movimentos mais elaborados. Representa uma das maiores tradições do país, principalmente no Norte e Nordeste, presente em festas, esquinas e bares. Pela sua importância cultural e histórica, em 09/12/2021 foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Forró no mundo
O ritmo nordestino há muito atravessou fronteiras e faz sucesso na Europa em países como Rússia, Alemanha, França e Itália. Temos notícias de festivais de forró e shows com cantores famosos promovidos durante todo o ano em diversos países, incluindo Miami nos Estados Unidos.
Em entrevista para a Notistarz e blog Bailaki, Rinaldo Ferraz, empresário recifense e engenheiro por formação, proprietário da Sala de Reboco, casa dedicada ao autêntico forró pé de serra desde a década de 90, apresentando e lançando talentos e personalidades do estilo musical, observa que além dos brasileiros, tem estrangeiro mandando bem no forró nas noites de baile:
” Quando a gente começou com a casa em 1999, quando o forró era mais tocado só no período de maio e junho prevalecia o pessoal do interior de Pernambuco, mas fomos mudando a cara do forró pra todo Estado e pra todo Brasil.”
“Hoje frequentemente recebemos pessoas de outros países, inclusive dançando bem pra caramba e um forró moderno. Nosso público é feito tanto de pessoas do nosso estado quanto de turistas, chegou em Pernambuco perguntou de forró a indicação é a Sala de Reboco, nos conta Ferraz.”
Ainda segundo ele, o incentivo à cultura do forró no Estado é basicamente feito pela iniciativa privada, são bem poucas as ações promovidas pelos órgãos públicos. “O forró é muito pouco divulgado, seriam necessários mais eventos como competições e festivais, declara Ferraz.”
Receita que vem do forró
Como fonte de recursos, o forró gera renda o ano inteiro. Por ser uma forma de cultura viva, está no dia a dia das grandes, médias e pequenas cidades de todo o país. A edição de 2022 do São João em Caruaru – Pernambuco, uma das maiores festas do Brasil, teve recordes de público, atrações e renda. Foram mais de 3,2 milhões de pessoas nos 24 polos da festa na cidade com mais de 1 mil apresentações. A receita foi 123% maior que em 2019, R$ 558 milhões foram movimentados na economia da cidade, segundo dados da prefeitura de Caruaru.
A evolução do forró
Originário de Pernambuco, o forró se tornou popular por todo Brasil por volta dos anos 1950 através do poeta, cantor e compositor Luiz Gonzaga (1912 -1989), conhecido como Rei do baião e seu principal representante, que ajustou o formato do trio de forró composto pela sanfona, zabumba e triângulo.
A partir da década de 1970, foram introduzidas misturas sonoras como elementos da música pop e do rock, além da utilização do baixo, bateria e guitarra. Surgiram nomes como Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Zé Ramalho e Elba Ramalho.
A partir do final da década de 1990, veio com mais força para o Sudeste, mas especificamente para a cidade de São Paulo. Surgem os grupos como Falamansa, Forróçacana, Rastapé, Bicho de Pé, entre outros e a facilidade de divulgar e promover o ritmo através das novas tecnologias e plataformas digitais. O forró, antes restrito ao interior nordestino, alcança níveis globais.
Conversou também com a Notistarz e o blog Bailaki, Carlos Magno, produtor executivo e organizador de eventos de forró desde 1991 e é um dos proprietários do Canto da Ema, importante casa em São Paulo capital que assim como a Sala de Reboco no Recife, mantem as raízes do forró quando o assunto é música, com apresentações de grupos novos e tradicionais e Dj´s , tocando forró, xote e arrasta pé. Foi um dos responsáveis por impulsionar o ritmo para o público universitário, na cidade com mais nordestinos do país fora do Nordeste.
O movimento se inicia em 1996 com as primeiras festas dedicadas ao estilo musical, muitas produzidas com ele, mas explode em 1999/ 2000 com a banda Falamansa em outra importante casa de forró, o Remelexo, não sua produção, mas acompanhada de bem perto.
“Falamansa no Remelexo, o movimento foi tão forte que as terças feiras tiveram que parar. Eram 1500 pessoas dentro da casa e 2000 na porta, cambista, uma coisa meio maluca. Ano 2000 foi auge do forró em São Paulo, eu fazia festas de segunda a segunda, meio que monopolizava a cena, começaram então a aparecer novos produtores e casas”, conta Carlos Magno.
Assim como Rinaldo Ferraz da Sala de Reboco, ele também relata não existirem movimentos significativos que impulsionem essa cultura, apenas ações pontuais, mas ambos deixam a mensagem que tem muita gente fazendo música boa do autentico forró que vive!
Homenagens ao mestre
O ritmo tem um dia especial reservado no calendário nacional, 13 de dezembro, aniversário de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, homenagem mais do que justa, além da representada pelo filme brasileiro De pai para filho, lançado em 2012 que conta sua trajetória pessoal e musical. Vale assistir e se emocionar.
Angélica Pellicer